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Mágica do Mantega: Oportunidade para os FIDCs

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O Governo Federal do Brasil tem deixado muito claro, está pretendendo entrar numa era ousada para desenhar e manipular os mercados financeiros na visão dele.  Baseados nas afirmações da Presidente Dilma, os bancos públicos já embarcaram numa missão para baixar os spreads de crédito no Brasil e dirigir a economia para evitar uma recessão.  Este mandato dos bancos pode ter implicações de longo alcance.

Guido Mantega, o Ministro da Fazenda, tem a responsabilidade por executar este mandato.   Achamos que esta estratégia já está interferindo nos mercados de crédito no Brasil.  O comportamento do crédito nestes mercados tornou-se mais oculto ao passo que os bancos públicos continuam a emprestar dinheiro diante de uma economia lenta e uma inadimplência maior.  Sendo que o alvo público é baixar os spreads, o governo federal está usando os bancos públicos às margens para apoiar a economia e ajudar os bancos a limpar os balanços deles.

O nível de inadimplência nos bancos de dados do Banco Central está subindo para pessoa fisica ao passo que o nível está caindo para pessoa jurídica.  Os dados da agência Serasa Experian, por sua vez, mostram que o nível de inadimplência está subindo muito e já ultrapassou os níveis piores de 2008 e de 2009.  Todas as peças neste quebra-cabeça ainda não se juntaram, mas parece que os bancos públicos estejam absorvendo os créditos pobres dos bancos privados.

Vemos oportunidades para o mercado dos FIDCs neste cenário, especialmente para os FIDCs lastreados no crédito das micro e pequenas empresas.     Percebemos que os bancos públicos não têm os balanços para financiar o mercado inteiro, porém terão balanços suficientes para forçar os bancos privados a fugir do mercado das pequenas empresas.  Isso deixará este mercado sem financiamento e fornecer muitas oportunidades para os investidors nos FIDCs.

PIB e Produção Industrial são Fatores Chaves

O crescimento do PIB e Produção Industrial tem decepcionado os economistas por quase um ano.  (Gráfico 1).  Não houve nenhum sinal de que a economia brasileira já tenha caído completamente.  Isso é importante, pois não antevemos uma melhoria no desempenho do crédito antes de uma melhoria na economia.  Em todas as recessões nos últimos dez anos o nível de inadimplência piorou por mais seis meses.  (Gráfico 2)

Gráfico 1

 

 

Gráfico 2

 

Desempenho de Inadimplência

Como os dados da economia estão piorando e estão abaixo das previsões, nós teríamos expectativas baixas para os níveis da inadimplência e falência.  Contudo, os dados do Banco Central mostram que o nível de indimplência para pessoas físicas tem subido lentamente e o nível para pessoas jurídicas tem caído um pouco. (Gráfico 3)

Gráfico 3

Uma Economia Melhor no Futuro

Para ser justo, há muitos motivos para esperar uma melhoria no desempenho do crédito do Brasil em um futuro próximo.   Em uma entrevista no jornal Estado de São Paulo (18 de março de 2012), Murilo Portugal, presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) apontou que o Cupom tinha baixado a taxa Selic 2,75% desde agosto 2011 e o Cupom já diz que vai baixar a taxa até 9,0%.  Além disso, o governo aumentou o salário mínimo 14% e tem introduzido outras medidas macroprudenciais.  Apesar dessas medidas, ele está antevendo a melhoria no nível da inadimplência no final de 2012.

Nas manchetes da Serasa Experian de 15 de março de 2012, estava escrito “ Pior momento para inadimplência dos consumidores fica para trás.” A Serasa Experian também mencionou os fatores que Sr. Portugal discutiu e explicou.  O “Indicador  Serasa Experian de Perspectiva – Inadimplência do  Consumidor” caiu 1,3% em janeiro 2012 e atingiu 99,7 pontos. Baseado na metodologia usada para construção, o indicador tem a tendência de prever os movimentos cíclicos à frente. Isto quer dizer que a Serasa Experian também está esperando que os níveis de pagamentos atrasados caiam no segundo bimestre. Ao mesmo tempo, os dados próprios da Serasa Experian não colaboram completamente com o modelo.

Evidencias Indisputáveis

Uma prova inalterável sobre os empréstimos inadimplentes mostra que o problema com o crédito está historicamente em altos níveis. Este dado é o Indicador de Inadimplência do Consumidor da Serasa Experian. Por quê Os dados do Serasa Experian mostram o registro atual de empréstimos inadimplentes nos cartórios.  A outra fonte desses dados, o banco de dados do BCB mostra que as provisões contáveis que companhias financeiras têm que reservar para cumprir com os regulamentos do BCB. Os dados do BCB mostram provisões contáveis, a Serasa Experian mede a decisão genuína do credor de classificar um empréstimo como inadimplente e o começo do processo de falência, que é o registro de uma dívida no cartório.

No primeiro semestre de 2010, o Indicador de Inadimplência do Consumidor da Serasa Experian  alcançou o pior nível visto na crise global de 2008/2009. O Indicador de Inadimplência das Empresas ultrapassou os piores níveis em 2009 no começo de 2011 e continua a crescer em 2012. O Indicador de  Inadimplência do Consumidor mostrou sinais de declínio do pico de 2011, mas o nível continua elevado em 2012.

Gráfico 4

 

 

Além disso, o atual número de Falências Requeridas e Falências Deferidas alcançou alto nível,  igual a 2008/2009. Há muitos sinais de problemas não resolvidos. Na edição de 23 de março de 2012 do Valor Econômico, Silvia Rosa escreveu que havia 595 pedidos de recuperação judicial para os 12 meses completados em fevereiro 2012. Isso foi 29% a mais que o período anterior. Com o crescimento de falências temos visto muitos fundos de abutres com operações no Brasil para reestruturar empresas. No final não vemos uma história de crédito saudável no sistema brasileiro.

A Presidente Dilma Rousseff publicou abertamente que ela quer usar os bancos públicos do Brasil para baixar os “spreads”.  No gráfico 6, podemos ver que os bancos públicos têm obedecido. O débito com bancos públicos, como uma porcentagem de PIB, tem crescido 17,7% desde janeiro 2010.  Ao passo que o débito com os bancos privados, como uma porcentagem de PIB, tem crescido somente 8,3% no mesmo período.

 

Gráfico 5

 

Gráfico 6

Os bancos privados estão preocupados e com razão.  Este crescimento está vindo de padrões frouxos na emissão de crédito. Nossa conclusão é a de que as ações do Brasil já começaram a interferir nos mercados de créditos. Na ediçao de 2 de marco de 2012 do DCI, a Tendências Consultoria observa que um total de crédito inadimplente mais do que 60 dias  significa R$139,2 bilhões, contudo, as operações de crédito que foram canceladas somam R$180 bilhões.

Em outras palavras, os bancos privados estão cancelando linhas de crédito e deixando as empresas sem financiamento.  Isso é o que acontece quando os spreads não estão aumentando e a inadimplência está no auge. No dia 23 de marco de 2012, o valor das ações do Banco do Brasil caíram 3,24% e os rumores do mercado atribuíram a queda às preocupações com os possíveis problemas na carteira de crédito.

Gráfico 7

 

O Valor Econômico também publicou uma história sobre as restrições que os empréstimos de débitos do consumidor têm sobre orçamentos familiares. (Arícia Martins, Aumento das dívidas deve retirar fôlego do consumidor, março de 23 de 2012.) A jornalista citou alguns economistas que estavam preocupados sobre o nível de débito do consumidor. Um caso de preocupação maior, sobre o qual nós escrevemos no terceiro trimestre do ano passado, na nossa edição de créditos, é que o débito continua a crescer para empréstimos já emitidos. Sergio Vale, economista na MB Associados discute esse problema no artigo do Martin. Ele concluiu que orçamentos familiares estão sendo pressionados  da mesma forma por pagamentos para o principal como para os juros. Isso indica que o serviço de débito não é suficiente para amortizar o principal e os pagamentos precisarão aumentar para haver reduções verdadeiras no débito do consumidor.

Considere outros fatos:

-       O Fundo de Garantia de Tempo de Serviço  do Brasil, FGTS, comprou 30% de todas as hipotecas securitizadas que foram emitidas no Brasil em 2011.

-       Há uma pressão do governo para forçar a carteira de investimento público a tirar os investimentos com retornos baseados no SELIC e aplicar nos investimentos vinculados à inflação.

Oportunidade para os FIDCs e outras finanças estruturadas no Brasil

O Brasil tem decidido todas as opções para amortecer a economia fraca e prevenir uma recessão. É muito difícil prever se o Brasil será bem sucedido com este esforço.  As probabilidades estão contra, mas o Brasil já confrontou este tipo de problema antes, algumas vezes fracassou completamente.

Nós duvidamos que o governo tenha o balanço necessário para salvar a economia brasileira com a diminuição dos spreads bancários no mercado financeiro brasileiro. No entanto, temos certeza de que o governo tem o balanço necessário para esmagar o mercado e causar distorções no processo de alocação de crédito.

Os bancos não terão muito incentivo para servir pequenas e médias empresas se eles forem forçados a apertar os “spreads” sem nenhum melhoramento econômico sob perspectiva, e terão grandes probabilidades de perdas significantes. Se os bancos não puderem ampliar os “spreads” para receber compensação para os grandes riscos, eles pararão de fazer empréstimos para empresas menores e também para empresas de risco.

Pessoas Físicas e Pessoas Jurídicas têm usado constantemente estruturas financeiras para preencher esta lacuna. Estruturas financeiras, como os FIDCs, oferecem soluções flexíveis para ajudar o credor a gerenciar os riscos de crédito.  Alguns bancos já têm empréstimos estruturados  como FIDCs para reduzir o risco de inadimplência da “colateralização”. O risco de crédito continuará a crescer e piorará o ambiente econômico. Investidores com experiência para oferecer estruturas criativas deveriam receber um retorno gratificante neste mercado.

Vernon Budinger, Principal

Latin America Structured Finance Advisors, LLC

vbudinger@latamsfc.com

 

Jason Smith, Portfolio Manager

Latin America Structured Finance Advisors, LLC

jsmith@latamsfc.com

 


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